Reduzir a poluição do ar para os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) poderia evitar mais de 50 mil mortes por ano, segundo um estudo publicado hoje, que recomenda uma ação rápida.
Reduzir a poluição do ar para os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) poderia evitar mais de 50 mil mortes por ano, segundo um estudo publicado hoje, que recomenda uma ação rápida.
Reproduzimos, hoje, aqui, um artigo de Clara Ferreira Alves, publicado no semanário Expresso, em 20170318, sob o título "Tão felizes que nós éramos". O excelente retrato da sociedade que muitos de nós vivemos, absorvemos e aceitámos como suposto paradígma da existência que nos estava predestinada. Neste filme a preto e branco, pintado de cinzento para dar cor, podia observar-se o mundo português continental a partir de uma rua. O resto do mundo não existia, estávamos orgulhosamente sós. Justamente para emendar essa memória e para apreciarmos melhora realidade que hoje, felizmente, desfrutamos, aqui vai esta recordação ... até por hoje é dia de eleições !!!
Um belo dia, daqueles que começam com um nascer do sol cor de Fanta e com os animaizinhos todos a cantar, eu caí em África, transparente que nem garrafa de vidro. Depois de muita traulitada e sem saberem o que fazer comigo, os africanos decidiram devolver-me aos deuses. Mas para eu lá chegar teria que empreender uma odisseia e peras pelo mais quente continente.
Qualquer semelhança com esta coincidência será pura realidade. Pois todas as viagens começam naquela irresistível fronteira que fica entre alguma imaginação e demasiada televisão.
Decidi então pintar de cor-de-rosa, quatro países do mapa. Do Cairo ao Cabo, sem contar com eles, nem com outros. Um ultimato fez-me começar por Moçambique, nível zero, língua mãe, passar ao lado, pelo lago que é o Malawi, ficar atazanada com décor da Tanzânia, e deixar o Quénia a suspirar “Mami Minha”.
Ah, África. O Santo Graal dos viajantes. Nem imaginam como eu tenho evitado África nos últimos oito anos de viagens no hemisfério de baixo. O medo, o fascínio, as estradas, o preço, as guerras, os safaris, o Robert Redford a lavar o cabelo à Meryl Streep, os tiranos, as doenças, o Timon e o Pumba, as cores, a música, o Eddie Murphy a acordar em Zamunda, o sol, a terra, as chuvas, Awimbawé…
Se há continente que eu quero que seja igual aos meus sonhos é este. Todas as cores sem nenhuma das dores. Hei de ser uma daquelas velhotas de capulana em xaile, sempre a falar do cheiro de África, cheia de África e de chiliques.
Mas antes disso tenho de provar que dá para fazer este cantinho de África de carripana, a comer, ora marisco ora banana, a dormir por dois tostões e a acordar tostada, a fazer safaris com a bicharada ou simplesmente a fazer nada (ai, o que eu gosto de ser disso culpada).
Quanto aos Meticais, Xelins e Kwachas, não devem chegar aos 1400 euros mensais, por casalito, o que equivale a um quarto crescente de Lua-de-mel de pacote, para uns sete diazinhos.
Por isso, aproximem bem a cara deste aquecimento e esqueçam o inverno por um momento: há repelente no ar e os mosquitos continuam a picar mas a cepa tuga desta que vos escreve não a deixa vacilar. E, quando a coragem começar a faltar, a barriga se queixar e o cansaço apertar, faço como o Camões e ponho-me a inventar. Que se ele só com um olho viu aquilo tudo, eu com os dois tenho muito que enxergar.
Preparados? Eu também nunca! Aqui vamos nós.
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